Durante o crime, ou depois de este ter acontecido, a vítima pode ter reações muito variadas, tanto ao nível das emoções e dos
pensamentos, como dos seus comportamentos.
É importante não esquecer que são reações naturais que surgem como resultado de uma experiência de vida difícil, pela qual não se espera ter
que passar.
Cada pessoa reage de forma diferente. Há pessoas que depois de um crime ficam muito afetadas e perturbadas e outras que ultrapassam um
pouco melhor a situação. São reações temporárias, o que significa que a vítima não se vai sentir, pensar e comportar dessa forma para sempre.
Se és ou foste vítima de crime e reparares que não estás a conseguir gerir sozinho/a as reações que tens sentido ou tido, é muito importante
falares com alguém em quem confies para que te possam ajudar.
Algumas das reações mais frequentes que podem surgir durante e depois do crime podem ser:
- Sentir pânico intenso e insegurança.
- Ficar em estado de choque, ou seja, não estar capaz de sentir seja o que for, de reagir, de falar ou de explicar o que aconteceu, ou mesmo de
se lembrar do que se passou.
- Ficar confuso/a e ter dificuldade em acreditar no que aconteceu (quase que não parece real ou parece que é um pesadelo).
- Pensar constantemente naquilo que aconteceu ou lembrar frequentemente o que se passou, quase como se se estivesse a passar pelo mesmo
novamente.
- Evitar a todo o custo lembrar o que aconteceu, como que a fazer de conta que o crime não ocorreu.
- Ter dificuldade em estar atento/a e/ou concentrado/a.
- Sentir ansiedade.
- Sentir desespero e desânimo – ter a sensação de que nada do que se possa fazer irá ajudar a ultrapassar ou a resolver o que aconteceu.
- Ter dificuldades em adormecer, acordar muitas vezes durante a noite e/ou ter pesadelos sobre o que aconteceu.
- Sentir culpa.
É importante lembrar que a responsabilidade e culpa pelo que aconteceu são da pessoa que praticou o crime. A vítima nunca poderá ser responsabilizada ou culpada pelo que lhe aconteceu.
- Sentir raiva e desejo de vingança em relação ao/à autor/a do crime.
- Sentir medo de coisas que antes se fazia sem qualquer problema (ex.: sair sozinho/a de casa), de voltar a passar pela mesma experiência,
do/a autor/a do crime ou de se vir a cruzar com ele/a, de passar pelo local onde o crime foi praticado, de ficar marcado/a para sempre (como se
não fosse possível ultrapassar de forma nenhuma o que se passou).
- Sentir tristeza profunda.
- Ter mudanças repentinas de humor, por exemplo, de um momento para o outro ter um ataque de choro.
- Ter alterações no apetite.
- Sentir dores de cabeça, dores no peito, tonturas, enjoos, suores, batimento cardíaco acelerado, etc..
- Sentir necessidade de se afastar das pessoas mais próximas (como os pais, a família, os/as amigos/as e colegas).
- Sentir alguma desconfiança ou insegurança no relacionamento com outras pessoas.
Se quiseres saber em pormenor como se sentem e reagem as vítimas de alguns crimes ou formas de violência, consulta os seguintes temas:
Os efeitos de um crime dependem de muitos fatores, como:
- do próprio crime e das circunstâncias em que este aconteceu;
Se o crime tiver envolvido, por exemplo, o uso de armas, ou a ameaça de uso de armas, é natural que a vítima se sinta muito assustada depois
do que viveu e que na altura tenha sentido a sua vida em risco.
- da relação com o/a autor/a do crime;
Se a vítima e o/a autor/a do crime tiverem uma relação próxima (ex.: serem familiares), o impacto negativo pode ser maior e pode ser mais
complicado pedir ajuda ou denunciar a situação.
- do estado e da personalidade da própria vítima;
Por exemplo, se o crime acontecer numa altura da vida em que a vítima está mais “em baixo” ou mais desanimada, pode ser mais difícil
ultrapassar a situação.
- das reações e do apoio que recebe por parte das pessoas mais próximas.
Se as pessoas mais próximas que estão a par do que aconteceu apoiarem e estiverem por perto para reconfortar e ajudar a vítima, será mais
fácil lidar com a situação e ultrapassar o que aconteceu.